PROJETO LISBOA-01-0145-FEDER-030373 | PTDC/CED-EDG/30373/2017

Imagens sociais, clima organizacional e qualidade das relações em acolhimento residencial: desenho, implementação e avaliação de um programa de intervenção

PROJETO

O projeto “Imagens sociais, clima organizacional e qualidade das relações em acolhimento residencial: desenho, implementação e avaliação de um programa de intervenção” posiciona-se na promoção da saúde, ajustamento e bem-estar de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade psicossocial e familiar, especificamente em contexto de acolhimento residencial.

O sistema de Acolhimento Residencial (AR) está sob pressão para atingir melhores resultados na resposta às necessidades de desenvolvimento dos jovens. A inconsistência no sucesso do AR tem levado à necessidade de se procurarem explicações para os diferentes resultados de desenvolvimento dos jovens através de variáveis ao nível do sistema. Entre os fatores mais recentemente citados na literatura como potenciais causas da falta de eficácia e eficiência do AR, o clima organizacional, variáveis sociocognitivas dos técnicos, e a qualidade das relações têm recebido alguma atenção; e, dado o importante papel que os educadores assumem no contexto do AR, os académicos têm colocado a hipótese destas variáveis terem um papel negativo importante no self, no comportamento e desempenho académico dos jovens. Contudo, pouca investigação tem examinado a relação entre estas variáveis e os resultados nos jovens em AR. O conhecimento da associação entre estas variáveis e o self, comportamento e desempenho académico dos jovens é importante para o Sistema Socioeducativo, uma vez que tem implicações para o desenvolvimento de programas de intervenção, para as práticas dos educadores e dos técnicos, para o bem-estar dos jovens, mas também para uma redução substancial dos custos na Educação.

Numa perspetiva socioeducativa, este projeto teve por objetivos:

(1) analisar, através de um estudo correlacional, a influência do clima organizacional e da qualidade das relações educadores-jovens, no comportamento e desempenho académico dos jovens em AR; e, analisar a influência das imagens sociais dos educadores sobre os jovens e a qualidade das relações, no processo de construção do self dos jovens;

(2) avaliar, através de um estudo qualitativo, as necessidades, dilemas, práticas e soluções possíveis ao nível dos contextos organizacionais, relacionais e educativos;

(3) com base nos resultados obtidos em (1) e (2), desenhar, implementar e avaliar um programa de intervenção centrado no clima organizacional com os técnicos, nas imagens sociais e na qualidade das relações dos educadores com os jovens.

O projeto tem implicações teóricas relevantes, ao contribuir para uma melhor compreensão dos processos subjacentes à construção do self, do comportamento e funcionamento académico dos jovens em AR. O projeto tem também implicações práticas significativas, na medida em que o teste de modelos teóricos e o estudo qualitativo informaram o desenho de um programa de intervenção, ancorado teórica e empiricamente. A avaliação do programa, através de um estudo experimental, permitirá disseminar e generalizar a todo o Sistema, de forma a potenciar o ajustamento dos jovens, em particular, o seu self, o comportamento e funcionamento académico.

EQUIPA

COORDENAÇÃO

Maria Manuela Calheiros
Professora Associada na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Tem experiência na definição de políticas públicas na área do acolhimento residencial através de investigação no desenho, implementação e avaliação de programas de intervenção neste contexto.
https://www.cienciavitae.pt//pt/F91A-BDBF-CEEC

Eunice Magalhães
Investigadora e Docente no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, tem experiência de gestão de processos de promoção e proteção e investiga atualmente sobre acolhimento residencial, familiar e impacto desenvolvimental das experiências de vitimação.
https://ciencia.iscte-iul.pt/authors/eunice-vieira-magalhaes/cv

INVESTIGADORES

Carla Silva
Professora Auxiliar na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Tem experiência de intervenção em contextos de promoção e proteção e investiga sobre experiências relacionais significativas das crianças e adolescentes em diferentes contextos de desenvolvimento associadas ao seu ajustamento socioemocional.
https://www.cienciavitae.pt//en/6213-7D4E-963B 

Cecília Aguiar
Cecília Aguiar é Professora Auxiliar no Departamento de Psicologia Social e das Organizações do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa e investigadora no CIS-Iscte – Centro de Investigação e Intervenção Social. Com formação em psicologia do desenvolvimento e da educação, tem conduzido e participado em projetos de investigação no âmbito da qualidade dos contextos de educação de infância e dos seus efeitos no desenvolvimento social das crianças. Foi Editora Associada do Early Childhood Research Quarterly entre 2016 e 2019. Coordenou o work package sobre currículo, pedagogia e clima social no projeto H2020 ISOTIS e coordenou a participação portuguesa no âmbito dos projetos Erasmus+ KIT@ e BECERID, o último dos quais lançou o blogue PrimeirosAnos.pt, um recurso dirigido a profissionais de educação de infância, baseado em investigação. Entre 2019 e 2022, coordenou o projeto Erasmus+ PARTICIPA – Professional Development Tools Supporting Participation Rights in Early Childhood Education.
https://ciencia.iscte-iul.pt/authors/cecilia-aguiar/cv

Francisco Simões 
Investigador auxiliar e membro integrado do Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-Iscte). Cocoordenador da linha temática “Promoting Inclusion, Equality and Citizenship” – SocioDigitalLab for Public Policy. Chair da Ação COST Rural NEET Youth Network, financiada pela Comissão Europeia, através da COST Association (2019-2023). Investigador principal do projeto Tr@ck-IN – Public employment services tracking effectiveness in supporting rural NEETs, financiado pelo Youth Employment Fund (EEA & Norway Grants) (2021-2024). O seu trabalho centra-se na análise psicossocial da transição escola-trabalho, em aspetos como a inclusão social, bem-estar, acesso à educação e acesso a trabalho decente de grupos vulneráveis como os jovens Nem em Emprego nem em Educação ou Formação (NEEF). Dedica-se, também, à fundamentação científica de políticas públicas (science advice), nestas áreas, através da colaboração com várias entidades públicas a nível regional, nacional e europeu.
https://ciencia.iscte-iul.pt/authors/author-public-page-2207/cv

Helena Carvalho
Helena Carvalho é professora catedrática no Departamento de Métodos de Investigação Social no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa. É diretora da Escola de Sociologia e Políticas Públicas. Coordena uma Pós-Graduação em Análise de Dados em Ciências Sociais. É investigadora sénior no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE-IUL). A sua área de investigação centra-se nos métodos quantitativos e multivariados. Ensina vários cursos de estatística multivariada e análises avançadas de dados em programas de mestrado e doutoramento. Publicou vários livros e vários artigos em Portugal e no estrangeiro.
https://ciencia.iscte-iul.pt/authors/helena-maria-barroso-carvalho/cv

João Graça
João Graça é doutorado em Psicologia, Professor Auxiliar na Universidade de Groningen (Países Baixos), e Investigador Associado na Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa). O seu programa geral de investigação visa identificar caminhos para a sustentabilidade, e desenvolver modelos e produtos de comunicação que ajudem a materializar esses caminhos. Adota uma visão ampla da sustentabilidade que inclui a melhoria das relações sociais e da nossa relação com o ambiente natural. Os seus campos de interesse incluem o desenho e avaliação de programas, mudança de comportamento, e comunicação pró-ambiental. Os tópicos de trabalho incluem a proteção de populações vulneráveis e a viabilização de transições alimentares sustentáveis.
https://www.rug.nl/staff/joao.graca/?lang=en

Sandra Godinho 
Investigadora no CICPSI, com experiência profissional em estudos de mercado e marketing, tem vindo a desenvolver projetos de investigação nas áreas da cognição social, embodiment e comportamento do consumidor, nomeadamente ao nível dos comportamentos e processos de tomada de decisão.
https://www.cienciavitae.pt/portal/C311-2087-D0CD

Sandra Ornelas
Psicóloga e bolseira de investigação no CICPSI, com experiência profissional no contexto do Sistema de Proteção de Crianças e Jovens, tendo desempenhado funções numa Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e numa Casa de Acolhimento Residencial de Jovens.
https://orcid.org/0000-0003-4139-1434

Shalhevet Attar-Schwartz
Professora catedrática na School of Social Work and Social Welfare da Hebrew University of Jerusalem. A sua investigação centra-se no bem-estar e proteção das crianças. Está especialmente interessada nas crianças e jovens em acolhimento residencial e familiar. Publicou extensivamente sobre segurança, qualidade de vida, suporte social, e ajustamento psicossocial e educacional das crianças em acolhimento residencial. A sua investigação sobre os resultados de desenvolvimento das crianças em acolhimento é orientada por uma perspetiva ecológica, tendo em conta não só os fatores de risco e proteção a nível da criança e da sua família, mas também as experiências da criança enquanto em acolhimento, bem como os fatores organizacionais. Está também interessada no papel do suporte social às crianças em acolhimento residencial por parte da família, dos pares e dos profissionais em diversos resultados de desenvolvimento das crianças (emocionais, comportamentais, educacionais e de saúde). É membro de vários comités e iniciativas governamentais e não governamentais com o objetivo de promover o bem-estar das crianças em acolhimento, bem como o desenvolvimento de legislação e de políticas públicas relacionadas com a proteção das crianças em Israel.
https://en.sw.huji.ac.il/people/shalhevet-attar-schwartz

COLABORADORES

Andreia Gomes
Licenciada em Psicologia, com mestrado em Psicologia Comunitária, pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Tem experiência na área da proteção de crianças e jovens em risco, nomeadamente em contexto de Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.

Cláudia Camilo
Investigadora de pós-doutoramento no Centro de Investigação em Ciência Psicológica (CICPSI), tem experiência em programas de intervenção com crianças, jovens e famílias em risco e investiga atualmente sobre os fatores neurocognitivos associados à negligência materna em contextos de pobreza.
https://www.researchgate.net/profile/Claudia-Camilo-2

Margarida Ferreira
Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde na área de especialização em Psicologia Cognitivo-Comportamental e Integrativa pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Realizou tese de mestrado na área do acolhimento residencial e atualmente encontra-se em estágio profissional onde realiza intervenção psicológica com crianças e adolescentes.

Fernanda Guedes
Psicóloga e investigadora em Psicologia, tem experiência profissional no acompanhamento psicológico de crianças e jovens em acolhimento residencial e investiga sobre a regulação emocional em adolescentes.
https://www.cienciavitae.pt/portal/9913-A1B1-5120

OUTPUTS

PUBLICAÇÕES

Pinheiro, M., Magalhães, E., Calheiros, M. M. & Macdonald, D. (2022). Quality of relationships between residential staff and youth: a systematic review. Child and Adolescent Social Work Journal. https://doi.org/10.1007/s10560-022-00909-6

Silva, C. S., Carvalho, H., Magalhães, E., Attar-Schwartz, S., Ornelas, S., & Calheiros, M. M. (2022). Organizational Social Context and Academic Achievement of Youth in Residential Care: The Mediating Role of Youth-Caregiver Relationship Quality. Children and Youth Services Review, 106449. https://doi.org/10.1016/j.childyouth.2022.106449

Silva, C. S., & Calheiros, M. M. (2022). Youth’s self-construction in the context of residential care: The looking-glass self within the youth-caregiver relationship. Children and Youth Services Review, 132, 106328. https://doi.org/10.1016/j.childyouth.2021.106328

Silva, C. S., Calheiros, M. M., Carvalho, H., & Magalhães, E. (2021). Organizational social context and psychopathology of youth in residential care: The intervening role of youth-caregiver relationship quality. Applied Psychology: An International Review, 71,564–586. https://doi.org/10.1111/apps.12339

PROGRAMA DE INTERVENÇÃO “E‑QUAL”

O Programa e-Qual: Promover Relações de Qualidade em Acolhimento Residencial destina-se a educadores e técnicos e pretende contribuir para melhorar a qualidade das relações entre os profissionais e as crianças e jovens em acolhimento residencial (AR).

Para que se potencie a criação de relações de qualidade entre os profissionais e as crianças e jovens em AR, devem ser realizados esforços conjuntos para promover a construção de um ambiente terapêutico de modo que estes consigam desenvolver-se de uma forma saudável. Para além do estabelecimento de relações de qualidade, um ambiente de natureza terapêutica envolve a construção de uma estrutura que atenda às necessidades das crianças e jovens em AR, promova oportunidades para o envolvimento em experiências positivas, e permita o envolvimento, participação e contribuição ativa das crianças e jovens para que atinjam o seu potencial. Desta forma, o AR será um contexto capaz de proteger as crianças e jovens dos riscos decorrentes das experiências familiares adversas, bem como dos desafios associados à retirada da família e posterior colocação em AR, promovendo o seu desenvolvimento saudável.

A partir da constatação do papel fundamental que os profissionais assumem nas casas de acolhimento, estudámos ao longo dos últimos três anos em que medida o clima social que se vive nas casas, as características dos educadores e restantes profissionais e, sobretudo, a qualidade das relações que estabelecem com as crianças e jovens, influenciam o comportamento, desenvolvimento e desempenho académico dos jovens acolhidos. Com base nos resultados dos estudos desenvolvidos, foi desenhado o programa e-Qual.

Este programa centra-se na qualidade das relações dos profissionais com as crianças e jovens em AR. Contudo, para que consigamos cuidar do outro, revela-se importante que cuidemos, também, de nós próprios. Desta forma, o programa está organizado em 5 módulos, em que o primeiro e o segundo módulo focam-se, especificamente, no bem-estar dos profissionais de AR. Particularmente, o Módulo 1 centra-se no stress e autocuidado e o Módulo 2 na cooperação, trabalho em equipa e clima social das casas de acolhimento.

Os restantes módulos abordam com maior profundidade as relações dos profissionais com as crianças e jovens em AR. Concretamente, o Módulo 3 explora as necessidades de desenvolvimento das crianças e jovens, as suas relações com os profissionais e como as práticas informadas pelo trauma podem ajudar os profissionais a promover a resiliência neste grupo-alvo. O Módulo 4 foca-se nas atitudes, crenças e expectativas dos profissionais relativas às crianças e jovens em AR e na utilização de intervenções focadas nas suas potencialidades. Por último, o Módulo 5 explora métodos e estratégias, baseadas na evidência, para o estabelecimento e manutenção de relações de qualidade entre os profissionais e as crianças e jovens envolvidas no contexto de AR.

Canal Youtube: https://www.youtube.com/@e-qualprograma6845

PROMOTOR

PARCEIRO

FINANCIAMENTO

2017_FCT_H_cor

FINANCIAMENTO

CONTACTOS

maria.calheiros@psicologia.ulisboa.pt
Centro de Centro de Investigação em Ciência Psicológica (CICPSI) Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa
Alameda da Universidade
1649-013 Lisboa